Por: Carlos Henrique Klein (Instituto 5 de Junho)
É sabido que num primeiro momento, as indústrias começaram a dedicar parte de suas preocupações quanto a questões ambientais por uma força legal, que se originou em diversas nações do mundo, que instituía um “movimento verde”, onde deveriam ser controlados os índices de emissões, manejo de efluentes e outros, como forma de se conseguir as licenças exigidas pela legislação ambiental para o funcionamento dos empreendimentos. As imposições se disseminaram e as pressões governamentais, apoiadas pela opinião pública, criaram certo “costume” para as empresas, que passaram a segui-lo.
De acordo com Fernando Gianichini Lopes1,
diretor da empresa Key Associados, “foi um trabalho desenvolvido pelas empresas muito mais para fora do que para dentro delas próprias” e prossegue, dizendo existir uma terceira onda onde a gestão ambiental passa a ser um dos fatores que definem a capacidade da empresa em se manter no jogo a longo prazo. A indústria passou então a se preocupar com este setor um pouco além das exigências legais. Essa vertente se deve a uma percepção que se instala nas empresas, de que cada vez mais as questões de meio ambiente serão significantes durante as negociações, influenciando diretamente também na imagem pública da empresa.A idéia de que os danos ambientais causados pelo desenvolvimento são um preço inevitável já não se sustenta mais, uma vez que empresas que continuam com atividades poluidoras, sem se aplicar a minimizar os danos à natureza provocados por suas atividades passam a ter manchas na imagem perante a opinião pública. O conflito existente entre ambiente e desenvolvimento econômico deixou de ser uma “rivalidade” e passa a ser encarado como uma parceria, onde o crescimento econômico deve manter e promover a conservação de recursos naturais.
A sustentabilidade surge neste contexto e relaciona diretamente os riscos ambientais com as possibilidades de negócios, ainda de acordo com Gianichini, “O grande exemplo é a geração de créditos de carbono, que podem ser negociados no mercado, ampliando a taxa interna de retorno de empreendimentos ambientalmente adequados”. Assim, o retorno proporcionado pela venda dos créditos de carbono ajuda a bancar os investimentos e as ações sustentáveis. De acordo com Porter e Linde2 (1995), se analisada a questão ambiental sob o ponto de vista econômico ortodoxo, a visão resume-se à ecologia versus economia. Considerando, então, como pontos de vista: proteção ambiental custa dinheiro e prejudica a competitividade; e, proteção ambiental é boa para os negócios; leva a uma conclusão curiosa: as duas estão corretas, levando, de acordo com Cristoforetti et. al.3 (2004), a uma terceira proposição, onde a renúncia à proteção ambiental custaria dinheiro proporcional, em prejuízos, da mesma forma se não realizada, ou até mais.
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A partir daí, foi criado o sistema de Gestão Ambiental, que juntamente ao surgimento do desenvolvimento de marketing voltado a questões de meio ambiente, o Marketing Verde, buscam gerir e divulgar ações ecologicamente corretas das empresas, muitas vezes se amparando em padrões internacionais de qualidade ambiental, como os exigidos na Norma ISO 14001. Desta maneira, a atividade empresarial sofreu reformulações estratégicas, onde são priorizadas e valorizadas: a responsabilidade ambiental, obediência à legislação vigente em relação ao meio ambiente, ações de prevenção de atividades poluidoras, desenvolvimento sustentável e tomada de decisões que protejam ao máximo a integridade natural.______
1 – Retirado da Revista Goiás Industrial, página 25, primeira quinzena de outubro 2008.
2 - PORTER, M. E.; LINDE, C. Green and competitive: Ending the stalemate. Harvard Business Review,
Boston, October 1995, 99, p.120-131
3 – CRISTOFORETTI, M.; PAPA, M.; GARCIA, M. O Impacto da Gestão Ambiental na Indústria Brasileira. Dezembro 2004.


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