Responsabilidade ambiental da indústria

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Por: Carlos Henrique Klein (Instituto 5 de Junho)

É sabido que num primeiro momento, as indústrias começaram a dedicar parte de suas preocupações quanto a questões ambientais por uma força legal, que se originou em diversas nações do mundo, que instituía um “movimento verde”, onde deveriam ser controlados os índices de emissões, manejo de efluentes e outros, como forma de se conseguir as licenças exigidas pela legislação ambiental para o funcionamento dos empreendimentos. As imposições se disseminaram e as pressões governamentais, apoiadas pela opinião pública, criaram certo “costume” para as empresas, que passaram a segui-lo.

De acordo com Fernando Gianichini Lopes1, diretor da empresa Key Associados, “foi um trabalho desenvolvido pelas empresas muito mais para fora do que para dentro delas próprias” e prossegue, dizendo existir uma terceira onda onde a gestão ambiental passa a ser um dos fatores que definem a capacidade da empresa em se manter no jogo a longo prazo. A indústria passou então a se preocupar com este setor um pouco além das exigências legais. Essa vertente se deve a uma percepção que se instala nas empresas, de que cada vez mais as questões de meio ambiente serão significantes durante as negociações, influenciando diretamente também na imagem pública da empresa.

A idéia de que os danos ambientais causados pelo desenvolvimento são um preço inevitável já não se sustenta mais, uma vez que empresas que continuam com atividades poluidoras, sem se aplicar a minimizar os danos à natureza provocados por suas atividades passam a ter manchas na imagem perante a opinião pública. O conflito existente entre ambiente e desenvolvimento econômico deixou de ser uma “rivalidade” e passa a ser encarado como uma parceria, onde o crescimento econômico deve manter e promover a conservação de recursos naturais.

A sustentabilidade surge neste contexto e relaciona diretamente os riscos ambientais com as possibilidades de negócios, ainda de acordo com Gianichini, “O grande exemplo é a geração de créditos de carbono, que podem ser negociados no mercado, ampliando a taxa interna de retorno de empreendimentos ambientalmente adequados”. Assim, o retorno proporcionado pela venda dos créditos de carbono ajuda a bancar os investimentos e as ações sustentáveis. De acordo com Porter e Linde2 (1995), se analisada a questão ambiental sob o ponto de vista econômico ortodoxo, a visão resume-se à ecologia versus economia. Considerando, então, como pontos de vista: proteção ambiental custa dinheiro e prejudica a competitividade; e, proteção ambiental é boa para os negócios; leva a uma conclusão curiosa: as duas estão corretas, levando, de acordo com Cristoforetti et. al.3 (2004), a uma terceira proposição, onde a renúncia à proteção ambiental custaria dinheiro proporcional, em prejuízos, da mesma forma se não realizada, ou até mais.
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A partir daí, foi criado o sistema de Gestão Ambiental, que juntamente ao surgimento do desenvolvimento de marketing voltado a questões de meio ambiente, o Marketing Verde, buscam gerir e divulgar ações ecologicamente corretas das empresas, muitas vezes se amparando em padrões internacionais de qualidade ambiental, como os exigidos na Norma ISO 14001. Desta maneira, a atividade empresarial sofreu reformulações estratégicas, onde são priorizadas e valorizadas: a responsabilidade ambiental, obediência à legislação vigente em relação ao meio ambiente, ações de prevenção de atividades poluidoras, desenvolvimento sustentável e tomada de decisões que protejam ao máximo a integridade natural.

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1 – Retirado da Revista Goiás Industrial, página 25, primeira quinzena de outubro 2008.
2 - PORTER, M. E.; LINDE, C. Green and competitive: Ending the stalemate. Harvard Business Review,
Boston, October 1995, 99, p.120-131
3 – CRISTOFORETTI, M.; PAPA, M.; GARCIA, M. O Impacto da Gestão Ambiental na Indústria Brasileira. Dezembro 2004.

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