Cientistas criam tijolo vegetal na Amazônia

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) criam um tijolo vegetal, produzido a partir de restos florestais da região. Tão resistente quanto o tradicional, oferece inúmeras vantagens no processo de produção e de construção. "Usa matéria que seria transformada em "lixo", não pressiona o desmatamento, pois não precisa de lenha pra ser queimado e, com isso, reduz as emissões de gases de efeito estufa, e não requer cimento para ser assentado", explica Jadir de Souza Rocha, pesquisador-titular do instituto na área de Recursos Florestais, com ênfase em inovação tecnológica.

De acordo com o pesquisador, é possível construir uma casa popular, em torno de 40 metros quadrados (cerca de 5 mil tijolos), em 8 horas. O projeto acaba de receber o prêmio Professor Samuel Benchimol 2008, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, concedido a iniciativas que visam o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

O tijolo vegetal é produzido com o ouriço da castanha do Brasil, a casca da castanha e os mesocarpos do coco e do Tucumã (um tipo de palmeira), que oferecem grande resistência mecânica. De acordo com o pesquisador do Inpa, há grande disponibilidade de matéria-prima na região. "No caso da castanha, por exemplo, há uma fazenda na estrada que liga Manaus a Itacoatiara com 1,5 milhão de pés de castanha. Dos materiais usados, só o tucumã não é totalmente desperdiçado. Parte da sua produção é usada na fabricação de jóias ", diz Rocha.


Solução inovadora

De acordo com Rocha, o custo maior é o de transporte do material. Os restos vegetais são triturados e aglutinados com resinas fenólicas (caso de prensagem quente) ou resinas de laminação e catalisadores (prensagem fria). Como não leva massa, o tijolo é assentado com base no sistema macho-fêmea.

O tijolo vegetal mostrou-se excelente isolante térmico e apresenta grande durabilidade em uma região de elevada temperatura e umidade. "Como não usa argila, tivemos um ganho adicional na área de saúde. Na produção tradicional, os oleiros, ao retirar a argila, deixam enormes buracos que acumulam água de chuva. Esses locais tornam-se nascedouros de mosquitos causadores de inúmeras doenças, como a dengue. O nosso processo elimina esse problema", diz Rocha.

Fonte:
Observatório de Políticas Públicas Ambientais da América Latina e Caribe

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