Por: Caroline Borja (Com Ciência)
21/07/2008
Os autores do artigo, os engenheiros agrônomos Paulo Regis Silva e Thais Freitas, mencionam as vantagens da substituição do óleo diesel pelo biodiesel, que, além de derivar de fontes renováveis, é também menos nocivo ao solo. Mas quando se trata de custo de produção e de balanço energético, dependendo do sistema usado no cultivo, quem leva vantagem é o derivado do petróleo. Essa análise considera a eficiência energética, ou seja, a energia gasta na produção de grãos.
E se o assunto é o uso de recursos naturais, a desvantagem do biocombustível aumenta ainda mais. Segundo o artigo, são gastos 85 litros de água para produzir uma quantidade de biodiesel suficiente para manter funcionando um motor de um HP por uma hora. Em contrapartida, para fabricar o equivalente em óleo diesel é consumido menos de um litro de água. O estudo aponta ainda os nutrientes que, em vez de se destinarem à produção de alimentos, são empregados em larga escala na geração de biodiesel e que no entanto são dispensáveis na fabricação do diesel de petróleo.
Porém, a substituição pelo biodiesel é vantajosa ao diminuir a dependência do petróleo, pois, de acordo com Freitas, todos os cenários prevêem aumento no consumo de combustíveis. Ela explica que, como no caso de qualquer outra tecnologia, o biodiesel deve ser aplicado de maneira racional, planejada, considerando suas conseqüências e desvantagens. “Deve-se equacionar até que ponto a substituição do óleo diesel deve ser feita pelo biodiesel e inserir outras fontes alternativas de energia, como o bioetanol, gás natural, resíduos de lavouras (como bagaço de cana e casca de arroz)”, acrescenta.
Em relação aos alimentos, a engenheira agrônoma esclarece que o biodiesel não precisa ser produzido a partir de fontes tão importantes para a alimentação humana como a soja. “Ele pode ser obtido, por exemplo, da gordura animal, que é considerada um subproduto e costuma ser pouco aproveitada”, diz ela. Freitas explica que as culturas produtoras de óleo devem entrar num sistema de rotação dentro da propriedade, o que só traz vantagens para o sistema produtivo como um todo, aumentando a eficiência de utilização dos recursos naturais. “O grande problema está na falta de planejamento, na instabilidade dos preços, na incerteza em que vive o produtor, que agora vê no biodiesel uma fonte de renda”, diz.
Para Freitas, o Brasil tem espécies com alta densidade energética e potencial produtivo que não estão sendo exploradas, como o dendê e o coco. São espécies perenes, que não necessitam do dispêndio financeiro e energético de uma cultura anual. A produção de biodiesel hoje é baseada em culturas anuais, com alto custo de produção. “Para que essa situação mude, falta pesquisa e incentivo ao uso das culturas adaptadas a cada região do país, e uma política de incentivo e preços que permitam ao agricultor e a indústria ter fonte de renda o ano inteiro”, analisa a pesquisadora.
Fonte: Notícias Com Ciência
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