E o tema é Sustentabilidade

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Por: Carlos Henrique Klein

A sustentabilidade é um conceito, uma idéia que relaciona atividades econômicas, fatores sociais e culturais, ambientais e políticos em seus diversos âmbitos. É o “meio” ou artifício de atender interesses tão distintos de cada um desses setores e ao mesmo tempo preservar recursos naturais, biodiversidades, ecossistemas, etc, atendendo aos quesitos: é ecologicamente correto?, economicamente viável?, socialmente justo?, culturalmente aceito?, e o que deveria ser a primeira questão levantada: é necessário?

O termo desfila na mídia e apresenta diversas faces, variando ao sabor dos interesses de quem o prega. Mas, mesmo com tantos discursos, como é possível induzir atividades de setores tão distintos a um patamar sustentável, modificando estruturas íntimas da sociedade para resultados a longo prazo? Foram décadas de evoluções nas discussões sobre ambiente e sociedade e constantes aperfeiçoamentos. Mesmo assim, ainda não houve adoção de medidas suficientes para interligar de maneira satisfatória o avanço conjunto da economia e das sociedades à preservação ambiental.

O 3º setor com atuação crescente, a divulgação da mídia e tantas iniciativas públicas e privadas referentes à responsabilidade sócio-ambiental tem movimentado os temas relativos à sustentabilidade no Brasil e no exterior, mas ainda assim não se nota avanços significantes aos objetivos sugeridos. Os retornos positivos da ação do governo, de ONGs, projetos ambientais, de fiscalização dos estados e municípios e por parte do Ministério Público são, na grande maioria das vezes, compensadores, mas não impedem e não barram as degradações às reservas naturais e biológicas, aos biomas e ecossistemas de diversas escalas. Não demonstram – ao menos –, impacto sobre o consumismo descontrolado que incentiva o desperdício, a produção incomensurável de lixo, o consumo desregrado de água e energia e outras comodidades que são impactantes ao ambiente.

Do que adianta discursos de inúmeros órgãos e entidades defensoras da Amazônia se ela deixar de existir? Deve-se converter os paradigmas da sustentabilidade em consciência “sustentável”. Todas as ações movidas por sociedade, estado e setor privado neste sentido mesmo compartilhando da bela filosofia da sustentabilidade ainda deixam um estranho vazio sobre a legitimidade dessa bandeira: as ações sociais movidas pelo estado e ONGs são justificáveis pela simples motivação benéfica ou bom mandato? A atividade sustentável implantada realmente atende aos interesses sociais, ambientais e econômicos de todos os envolvidos? Os lideres e idealizadores não estão interessados, na verdade, em projeção política? Estes são alguns questionamentos básicos que todos deveríamos tentar responder ao ver um anúncio de carro ecológico ou “empresa amiga do meio-ambiente” na TV ou jornais.

A atividade sustentável e a preservação ambiental esbarram nos muros impostos pelo mercado e pelos interesses políticos e faz com que toda divulgação na mídia, os artigos, jornais, eventos, denúncias, ações, passeios turísticos e espetáculos não consigam fazer a idéia de sustentabilidade se concretizar em definitivo e passe a fazer parte do íntimo de todos. São completos em sentido os discursos sobre esse tema; são “suficientes”; eles trazem os motivos de desarmonia e contradições que assolam as sociedades e que devem ser banidas da cultura de todos os segmentos sociais, mas não conseguem ultrapassar o status de “boas práticas” e muitas das vezes se perdem em filosofia, deixando de lado a questão fundamental: por que precisamos de sustentabilidade?

O avanço das tecnologias, dos sistemas de mercado em conjunto com as necessidades das sociedades globais provocaram uma relação produção x consumo tão selvagem que a degradação ambiental apresenta escalas alarmantes e gera perdas inestimáveis ao ambiente. A sustentabilidade é a ferramenta mais apropriada para compatibilizar a evolução econômica e industrial necessária às sociedades mundiais e a preservação ambiental. A aplicabilidade dos conceitos de sustentabilidade encontra, no entanto, problemas metodológicos para consolidar sua aplicação. Problemas de base social e política que envolvem qualidade de vida, objetivos coletivos, desenvolvimento econômico, interesses políticos, particulares e mercadológicos, entre outros. O sucesso de políticas e da consciência sustentável depende da manutenção de práticas sustentáveis e do conseqüente equilíbrio entre responsabilidades sociais, retornos individuais e ganhos ambientais.

A idéia de sustentabilidade, por si só, não mudará nada. São as mudanças nas estruturas envolvidas (econômicas, sociais e culturais) que mudarão as ações no mundo e poderão reverter os perigos e ameaças que pairam sobre as nações, tanto no setor ambiental quanto econômico.


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