Sustentabilidade e crescimento

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Por: Carlos Henrique Klein (Instituto 5 de Junho)

Os debates sobre sustentabilidade e conservação ambiental tornaram-se a “bola da vez” da mídia e dos discursos políticos tanto no Brasil como no mundo. É notória a importância do tema e a necessidade de soluções viáveis para os problemas ambientais e preservação natural nas diversas regiões do globo.

Um grande empecilho para um consenso nas discussões sobre crescimento e preservação é a incompatibilidade entre o crescimento livre e o desenvolvimento humano. O poderio das nações industrializadas dita um ritmo de crescimento acelerado, desenfreado, e transmite seus danos aos países mais pobres. Essa desvantagem continuará enquanto suas políticas econômicas e financeiras, internas e externas, não se compatibilizarem com seus deveres sociais e com um plano eficaz de proteção ambiental.

Apesar dos paises em desenvolvimento e outros, puxados por estes, se preocuparem cada vez mais com o setor ambiental, elaborando leis e procedimentos de proteção, o que se vê é uma sociedade mundial ainda despreocupada, de fato, em controlar seus meios de produção, seus fluxos comerciais e financeiros e em concretizar uma “nova ordem mundial” que viabilize o desenvolvimento sustentável das sociedades e consolide a interação viável entre sociedade e natureza.

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Três perguntas sobre etanol de cana e sua parcela contra o aquecimento global

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Por: Mônica Pinto (AmbienteBrasil)

Dessa segunda-feira até ontem, foi realizado em Curitiba (PR) o I Seminário Internacional de Aquecimento Global nas Cidades, promovido pelo Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas (ISAE/FGV), em parceria com a Prefeitura da capital paranaense e o Global Compact - iniciativa desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional “para a promoção de valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, trabalho e meio ambiente”.

No evento, palestrantes do Brasil, Estados Unidos, França e Alemanha analisaram como o planejamento urbano poderá minimizar o efeito do aquecimento global nas cidades.

Um dos debatedores no Seminário foi o cientista José Roberto Moreira, professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Centro Nacional de Referência em Biomassa, organização que trouxe para o Brasil o primeiro ônibus movido a etanol.


AmbienteBrasil fez a ele três perguntas.

AmbienteBrasil - O senhor afirmou no evento em Curitiba que “Uma cidade pode ficar despoluída 30% a 40% com biodiesel, mas 100% com o etanol”. De que maneira esse propósito pode se tornar realidade?

José Roberto Moreira - No caso de uso de biodiesel, a expectativa é usar sempre uma mistura biodiesel/diesel. Fala-se em misturas até B20, ou seja 20% biodiesel – 80% diesel. Isso é um limite por problemas técnicos nos motores e pela enorme área agrícola para produzir óleo de soja - para o programa atual B2 precisamos de um milhão de hectares.

No caso do etanol com aditivo, substituímos todo o diesel. A poluição com o biodiesel decorre da presença de diesel. No nosso produto, não temos diesel e assim reduzimos o SOx (enxofre) em 100%. Outros poluentes como os particulados se reduzem em 80%. Como o etanol é renovável e consome pouca energia na sua produção, as emissões de CO2 se reduzem em 84%.


AmbienteBrasil – Como se chegou ao primeiro ônibus movido a etanol do Brasil? Ele está circulando onde? Após quanto tempo se poderá verificar a total eficiência do veículo?

José Roberto - Eu não desenvolvi o ônibus. Ele foi desenvolvido na Suécia há 16 anos e roda lá há 15 anos. Hoje existem 600 ônibus na Suécia. O que eu fiz foi arrumar recursos da União Européia e de parceiros brasileiros para trazer e montar um ônibus em São Paulo. Ele está rodando numa linha de transporte coletivo desde dezembro de 2007.

Nossa única motivação é chamar a atenção das autoridades do Brasil sobre o produto. Ele é tecnicamente viável e economicamente viável no período de safra da cana, quando o preço dela abaixa bastante, pelo menos no Estado de São Paulo.

Na entressafra, precisamos de subsídio, mas o produto é mais barato que o biodiesel. Vamos rodar em São Paulo por mais 18 meses só para demonstrar que a tecnologia é confiável.


AmbienteBrasil – A preocupação de muitos é que o crescimento da demanda acabe tendo impactos sobre os ecossistemas brasileiros e na produção de alimentos, sob a lógica do bom lucro dos plantios de cana num futuro próximo. O senhor admite esse risco? Como minimizá-lo?

José Roberto - Num mundo capitalista, os produtores sempre se interessam pelos produtos que dão mais lucro. O que pode ser feito é o zoneamento agrícola que limita as áreas para alimento e energia. Também o Governo pode criar impostos sobre o combustível e transferir esses recursos para subsidiar o plantador de alimentos. Portanto, há risco, mas o Governo tem as ferramentas para evitá-los.

Fonte: Notícias Ambiente Brasil
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A Internacionalização do Mundo

terça-feira, 17 de junho de 2008

Por: Cristovam Buarque*

Durante debate em uma Universidade, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para uma resposta minha.
De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.

Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.


(*) Cristovam Buarque, nascido em 20 de fevereiro de 1944, doutor em economia e professor do Departamento de Economia da UnB (Universidade de Brasília), foi governador do Distrito Federal pelo PT (1995-98). Autor, entre outras obras, de "A Segunda Abolição" (editora Paz e Terra).

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O que comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente?

sábado, 14 de junho de 2008

Por: Osmar Pires Martins Júnior*

Os globais têm muito o que comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente. No aspecto da flora, por exemplo, vamos brindar por uma taxa mundial de desmatamento de 5%. Isto corresponde à área de umcampo de futebol a cada dez segundos, só na Amazônia, na última década. Na seara faunística, vamos comemorar o desaparecimento de 30% das populações de vertebrados nas últimas três décadas. De cada dez espécies de animais de maior porte que eram vistas no Cerrado pelas crianças na década de 1970, três delas desapareceram e não serão vistas pelas gerações atuais. Isto é, estamos livrando-as do infortúnio de um contato indesejado com uma onça pintada, por exemplo.

Em Goiás, temos a comemorar a extinção da Agência Goiana do Meio Ambiente, órgão responsável pelo monitoramento, licenciamento efiscalização ambiental no estado. Trata-se de um "dinossauro",criado em outra era, no início da década de 1970. Nesta época, os industriais pensavam que tinham o direito de poluir em nome da geração de empregos; os fazendeiros, que podiam desmatar e jogar veneno à vontade em nome da produção de alimentos.

Hoje, não pensam mais assim. Então, prá que serve um órgão de controle da qualidadedo meio ambiente? Todos querem sombra fresca, ar puro e água limpa. E isto, todos temos, sem precisar de mais um órgão público.

A extinção do órgão de controle ambiental não foi discutida no Conselho Estadual do Meio Ambiente, nem com a universidade e nem com qualquer setor da sociedade. Foi uma decisão política, imposta à Assembléia Legislativa pela maioria governista. O órgão foi extinto,mas não se criou nada no lugar. O Sistema Estadual do Meio Ambiente ficou anômalo, sem o órgão responsável pelo controle do desmatamentodo cerrado, fiscalização, monitoramento da poluição e licenciamento de atividades poluidores.

A secretaria estadual (Semarh) é órgão da administração direta, subordinada ao secretário da Fazenda. Assim, amarras burocráticas do tipo não foi liberado o carro para atuação iscal, permitirão o retorno à movimentação anual de 30 mil caminhões carregados de carvão nativo para abastecer as siderúrgicas mineiras. E isto não é bom? Afinal, os carvoeiros empregam crianças, mulheres grávidas e dão muitos votos para os prefeitos das cidades do nordeste goiano que elegem representantes atuantes no parlamento goiano.

Interessa é que a Agência foi extinta em nome da "reforma administrativa", visando enxugar gastos públicos e conter um déficit mensal de cem milhões de reais nas contas do estado, conforme anunciado na grande mídia. A ponta do iceberg do déficit nas contas públicas é o rombo na Companhia Elétrica do Estado de Goiás de bilhões de reais. O que está abaixo da superfície e não se vê é o resultado de anos de desmandos na administração do estado.

Agora, pagando esta conta, elimina-se um órgão ambiental, cuja receita sempre foi contigenciada: são centenas de milhões de reais, oriundos da compensação ambiental, que estão depositados no Fundo Estadual do Meio Ambiente. Estes recursos nunca foram aplicados na regularização fundiária dos parques ou na proteção da biodiversidade ou na informatização do sistema de licenciamento ambiental. Não há um só parque implantado em Goiás custeado pela compensação ambiental. Este recurso corresponde a, no mínimo, 0,5% do custo de todo projeto licenciado e em operação no território goiano.

O Parque de Terra Ronca, no nordeste do estado, com 35 mil hectares, tem dentro dele mais de duzentos fazendeiros desmatando, plantando e queimando. O interesse em extinguir a Agência (autarquia da administração indireta, dotada "autonomia administrativa" legal, mas na prática, inexistente) foi eliminar de vez esta contradição. E mais, se apropriar do único recurso que ainda era administrado pela autarquia: aquele oriundo da TFAGO (Taxa de Fiscalização Ambienta lde Goiás), implementada em 2003 e que arrecadou uma média mensal de um milhão de reais no período 2003-2007 e era aplicado diretamente pela agência. Ressalte-se que o estado de Goiás é o único da federação que implementou a TFAGO, em parceria com o Fórum de Entidades Empresariais.

Esta fonte de recurso bancava, desde 2003, aadministração não só do órgão "executor" (Agência), mas tambémdo "formulador" (Semarh) da política estadual de meio ambiente. Agora, os recursos ambientais serão aplicados no controle do déficit público. Afinal, se uma centena de "autoridades-tutoras", dotadas de regalias e garantias, não fazem valer a aplicação constitucional de recursos orçamentários na área da atenção primária à saúde, por que se preocupar com aplicação no meio ambiente? Ora, os recursos ambientais devem financiar o déficit público. Esta é a notícia a ser comemorada neste Dia Mundial do Meio Ambiente.

*Osmar Pires Martins Júnior é biólogo, engenheiro agrônomo, mestre em Ecologia, presidente da Academia Goianiense de Letras, professor de cursos de graduação na Unip e de pós-graduação no IPOG, CEEN e UCG (artigo enviado para a REBIA- Nacional).

Fonte: www.vivaomundo.com.br

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Nova argamassa ambiental para construção civil


O Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), órgãos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), desenvolveram projeto de uma argamassa ambiental.

Segundo as instituições, trata-se de alternativa ecológica e econômica às 720 toneladas de resíduos finos (“pó de rochas”) lançadas mensalmente pelas serrarias de rochas ornamentais nos riachos e rios do município de Santo Antônio de Pádua (RJ).

O resultado prático do estudo dos dois institutos de pesquisa foi a inauguração, nesta quarta-feira (11/06), da primeira fábrica de argamassa ambiental no Rio de Janeiro.

A empresa Argamil investiu R$ 8 milhões na instalação da fábrica em Santo Antônio de Pádua, e o Banco de Fomento do Rio de Janeiro (Investrio), R$ 2 milhões para viabilizar o projeto. A fábrica tem capacidade de produzir 1,24 tonelada por mês do produto.

Cetem e INT avançaram na pesquisa da argamassa ambiental a partir da utilização dos resíduos produzidos pelas serrarias que cortam, à beira dos rios, rochas conhecidas como pedras miracema e madeira, para aproveitamento em revestimento de pisos e paredes na construção civil.

A nova técnica, além de reciclar a água poluída, gera um resíduo sólido que, após secagem, pode ser utilizado na formulação da argamassa. Segundo o Cetem, a argamassa ambiental permitirá economia de outras substâncias minerais como a cal ou o calcário, que serão substituídos pelo pó de rocha na formulação da argamassa.

A implantação do projeto do Cetem, em colaboração com o Departamento de Geologia da UFRJ e do Instituto Nacional de Tecnologia, modificou quadro socioeconômico e ambiental no município fluminense de Santo Antonio de Pádua, um dos mais pobres do Estado. Com a atualização de tecnologia, preparo de mão-de-obra e atualização de gestão, o projeto reconduziu à formalidade 76 pedreiras e 82 serrarias ameaçadas de fechamento, na cidade que tem na mineração de rochas ambientais a principal fonte de geração de emprego e renda.

Além disto, o Centro encontrou alternativa ecológica e econômica para as 720 t de resíduos finos (poeira das rochas) que eram lançadas mensalmente nos rios locais: a argamassa ambiental, com aproveitamento no revestimento de pisos e paredes na construção civil, produto 30% mais barato que o convencional.

Mais informações: www.cetem.gov.br

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